Uma das coisas mais incríveis da adolescência, que provavelmente impacta em nossos processos evolutivos e civilizatórios, é a necessidade de explorar o mundo, de criar mundos novos, de novas visões e compreensões da vida e das coisas. “...Somos os filhos da revolução, somos burgueses sem religião, somos o futuro da nação...”.
Um impulso criativo para a humanidade sempre emergiu da necessidade de negação da visão de mundo dos nossos pais, dos que nos antecedem, a tradicional crise intergeracional, para dar espaço ao novo, que sabemos, nem tão novo assim: “ainda somos os mesmos, e vivemos, como nossos pais...”.
Uma hipótese evolutiva para explicar o fenômeno seria que os juvenis humanos primitivos seriam expulsos do bando pelos indivíduos adultos, fenômeno chamado dispersão, de ampla ocorrência nos seres vivos. Emocionalmente, a gente costuma negar aqueles que nos excluem e, ao negarmos as ideias e estilos, nasce a necessidade de criarmos novos modelos, afinal: “...você pode até dizer que eu estou por fora, ou então que eu estou inventando ...”.
Isso explica o impacto que a leitura e os conteúdos escolares podem oferecer como substrato para o advento dessas novas visões de mundo, com base em algo do anterior, pra poupar trabalho! Por isso também, o apego que muitos jovens têm em seus professores, em especial, de geografia, história, literatura, mas todos podem flutuar nessa roupagem revolucionária dos conteúdos e discursos.